miércoles, 18 de mayo de 2011

Refinaria de Nacala minada

01/02/2009

Refinaria de Nacala minada

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Crise financeira mundial por detrás do problema
Por Nelson Carvalho, em Nampula
As obras de construção daquela que seria a primeira refinaria de petróleo em Moçambique deviam ter arrancado entre os meses de Setembro e Dezembro de 2008. Mas o megaprojecto de Nacala-a-Velha, distrito da província nortenha de Nampula, continua em papéis, tudo porque os seus financiadores recuaram supostamente devido à crise financeira mundial.

A refinaria de Nacala-a-Velha, orçada em aproximadamente cinco biliões de dólares norte-amerianos, foi concebida para contornar o impacto da crise de combustíveis no país.

A Ayr Development Group, Limited, é a companhia subsidiária da Ayr Logistics Limited, Inc., do Texas (EUA) e financiadora do projecto Ayr Petro-Nacala. Esta empresa chegou a acordo com o Group 5 International, Limited, para a construção da refinaria de petróleo em Nacala-a-Velha.

Contudo, o SAVANA apurou junto de um elemento ligado ao projecto que os principais financiadores da refinaria já retiraram as suas propostas de financiamento para a construção e funcionamento da mesma.

Segundo um relatório a que tivemos acesso, as obras do mega-projecto de Nacala-a-Velha deveriam ter arrancado no último trimestre de 2008, previsão que não se concretizou devido ao aparente abandono a que a refinaria está votada.
A fonte, que faz parte da equipa de pesquisa, disse que contactos estão a ser mantidos com outros potenciais financiadores, num esforço que visa manter intactas as expectativas tanto de emprego quanto de futuros investimentos criadas em torno do projecto.

O empreendimento, primeiro do género no Moçambique independente, iria garantir 450 empregos permanentes, para além de outros tantos provisórios na fase de construção, e fomentar o desenvolvimento local através da construção de várias infra-estruturas sociais.


População impaciente
Enquanto prosseguem contactos com outros financiadores, a população de Nacala-a-Velha mostra-se preocupada. É que o anúncio da construção da refinaria criou muitas expectativas no seio dos habitantes que viam no mega-projecto a solução dos seus problemas económicos.
Impacientes estão aqueles que foram avisados que iriam ser realojados numa outra zona para dar espaço ao desenvolvimento do projecto. Dizem que não contestaram do aviso, pois, além das indemnizações, estavam todos convencidos que o mega-projecto iria mudar as sua vidas. Para melhor, claro.
Por enquanto, solicitam o Governo a prestar-lhes informações mais claras sobre o andamento do projecto salva-vidas. A referência à crise financeira para justificar o recuo dos financiadores não cabe no seu imaginário, justamente porque a não concretização da refinaria de petróleo é mais uma promessa não cumprida. Contam que são vários os projectos abandonados, exemplificando com os projectos Água Doce e construção de um hotel de quatro estrelas.

Obras poderão começar em Junho
Entretanto, o director provincial dos Recursos Minerais e Energia de Nampula disse que ainda há maior interesse por parte de alguns investidores. Moisés Paulino João admitiu, porém, que o atraso que se verificou no arranque das obras deveu-se à crise financeira que afecta directamente as economias mais desenvolvidas do mundo. Paulino João confirmou que os financiadores que se tinham comprometido a apoiar as obras de construção da refinaria e a indemnização das populações que poderão ser realojadas para a instalação daquele empreendimento mostraram-se incapazes em prosseguir.

A fonte assegurou que o Governo está a promover o projecto junto de vários parceiros no sentido de que até Junho próximo as obras avancem. De acordo com o director provincial dos Recursos Minerais e Energia de Nampula, a nível da província foi criada uma comissão multi-sectorial composta pelos directores provinciais de Agricultura, para Coordenação da Acção Ambiental, Indústria e Comércio e do Trabalho, incluindo o respectivo administrador do distrito. Esta equipa está a trabalhar no terreno na consciencialização da população sobre os esforços que o Governo está a empreender para que a refinaria de petróleo seja uma realidade naquele distrito.


Euforia
Recorde-se que o Governo assinou em Outubro de 2007 com a empresa Ayr Logística Limitada um contrato de investimento para a construção da referida refinaria de petróleo. O contrato foi rubricado pelo Ministro da Energia, Salvador Namburete, em representação do Governo e Ercílio Varela, em representação da Ayr Logística Limitada. O projecto foi aprovado na 26ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros.
O empreendimento tinha que ser construído em três fases com a duração de seis anos e teria uma capacidade para produzir 300 mil barris por dia, o correspondente a 14 toneladas anuais.

Do total produzido, um terço seria destinado ao mercado nacional e os remanescentes dois terços para o mercado internacional, contribuindo assim para a balança de pagamentos através da redução da importação de produtos refinados e seus derivados.


SAVANA – 30.01.2009

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